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Peço-te que fiques. Abanas a cabeça, em jeito de negação. Viras as costas. Sem uma palavra. Suspiras profundamente e diriges-te à saída da nossa casa e do meu coração. Abres a porta lentamente e fecha-la com a mesma intensidade mínima. Deixo-me cair de joelhos, deixo que as lágrimas invadam a minha face. Subitamente, levanto-me e vou à janela. De lá, observo-te a afastares-te. Levas o casaco que tão bem te fica, a mala com as tuas coisas numa mão e uma carta na outra. A carta que me escreveste a informar-me da tua partida. Dizias que tinhas de ir, sentias-te sufocado e tinha surgido uma oportunidade de trabalho muito importante e igualmente longe. Longe da minha vista, assim como do meu coração. Talvez tenha sido uma mera desculpa para te afastares. Não sei. No entanto, cumpri o último pedido da tua carta "não venhas atrás de mim, segue com a tua vida", seguido da justificação "voltarei no dia em que me sentir preparado. Se ainda me quiseres.". Atirei-te esta carta e pedi a que levasses contigo. Preferia as nossas alegres fotografias a essa carta lamentável. Pelo menos, são recordações felizes do que nós somos. Ou éramos. (...)